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Sete Brasil era ‘projeto atrativo’, diz Barusco à CPI dos Fundos de Pensão

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O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator da Operação Lava Jato, defendeu nesta quinta-feira (19) que a empresa Sete Brasil era um projeto “atrativo”, ao prestar depoimento à CPI dos fundos de pensão, que investiga eventuais prejuízos dos fundos de previdência de estatais federais.

A Sete Brasil tem contratos de mais de R$ 20 bilhões com a Petrobras para a contratação de sondas de perfuração e é investigada na Operação Lava Jato por pagamento de propina ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

Barusco se aposentou da Petrobras em 2011 e, pouco depois, assumiu uma diretoria da empresa Sete Brasil, segundo ele, por indicação de Renato Duque e do ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli.

“O projeto era atrativo. Analistas indicavam que era um bom projeto”, afirmou aos parlamentares.
Questionado sobre se os fundos de pensão foram fundamentais para que a Sete Brasil saísse do papel, Barusco disse que sim.

“Todo mundo é fundamental. Os fundos de pensão eram fundamentais. Se eles não tivessem ali, não teria saído. Se não tivesse aporte também da iniciativa privada, se não tivesse o financiamento do BNDES… […] Se não tivesse a garantia da Petrobras, se não tivesse a demanda do pré-sal, são todas peças fundamentais. Se não tivesse uma dessas peças, o projeto não sairia do papel”, afirmou.

A comissão foi criada na Câmara para investigar eventuais prejuízos na administração dos fundos de previdência de estatais federais, como Postalis (Correios), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Previ (Banco do Brasil).

Vaccari
Durante o depoimento, Barusco disse que acredita que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ajudou a incentivar os fundos de pensão a investirem na Sete Brasil. Ele ponderou, entretanto, que não sabe de nada que Vaccari tenha feito “concretamente”.

Vaccari foi condenado na Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Eu acredito que ele tenha auxiliado no sentido de incentivar [os fundos a investirem na Sete Brasil]. Eu não sei nada que ele tenha feito concretamente”, afirmou Barusco à CPI, após ser questionado se o ex-tesoureiro do PT foi um “agente de mobilização” dos fundos de pensão.
Barusco disse, ainda, que teve contato com Vaccari e que ele se interessava pela Sete.

Ao ser questionado sobre quais assuntos tratava com Vaccari, Barusco disse que não eram temas “especificamente” da Sete Brasil. “Com ele, tratava mais da minha parte, contrato com estaleiros”, disse.

Convocação
De acordo com o requerimento que pediu a convocação de Barusco, aprovado no dia 15 de outubro, ele foi chamado para prestar esclarecimentos e informações pertinentes ao financiamento e aporte de recursos pelos fundos de pensão junto à empresa Sete Brasil. O requerimento é de autoria do relator da CPI, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR).

Logo no início da reunião, Barusco disse que colaboraria e responderia a todas as perguntas nos parlamentares, mas destacou que não entendeu o motivo pelo foi chamado pela CPI dos fundos de pensão.

“Vou estar disposto a responder todas as perguntas e esclarecer o que for da vontade dos senhores. Ao mesmo tempo, fiquei me perguntando qual seria o objetivo da minha convocação para a CPI dos fundos de pensão”, disse.

Barusco lembrou que já participou da CPI da Petrobras e afirmou que não teve contato direto com representantes dos fundos de pensão quando esteve à frente da Sete Brasil.

“Eu acredito que seja, a minha presença aqui, devido ao período que passei na Sete Brasil. Foi a partir daquele momento, em abril de 2011, que eu tive algum contato, mas não contato profissional estrito com os fundos de pensão, porque eu não era responsável por essa área. […] Eu tinha algum contato, mas não diretamente, com representantes dos fundos de pensão, que eram alguns dos acionistas da Sete Brasil”, afirmou.

Criação
Barusco explicou à comissão como surgiu a ideia de criar a Sete Brasil. Segundo ele, as atividades de perfuração da Petrobras dependiam do aluguel de sondas no mercado internacional. Com o advento do pré-sal, segundo ele, aumentou a demanda pelo aluguel de sondas de perfuração e os membros da Petrobras se questionaram sobre a possibilidade de isso ocorrer no mercado nacional.

“Com o advento do pré-sal, começaram a aparecer novas localizações e novas demandas por sondas, a ponto de entrar na diretoria 18 pedidos de aluguel de sondas. Foi nesse momento que houve um questionamento interno: havia política de conteúdo local e, na parte de sonda, como entrava sempre em doses homeopáticas, 2 sondas, 3 sondas, nunca tinha havido demanda suficiente para questionar, mas quando apareceram pedido de 18 sondas, começou o questionamento. Aí que foi a semente da Sete Brasil”, disse.

Lula e Dilma
O então presidente Lula e a então ministra Dilma Rousseff participaram de uma reunião do conselho da Petrobras em que foi discutida a grande demanda por sondas de perfuração, segundo Barusco.

“Foi reunião de trabalho. Eu era coadjuvante nessa reunião. Recebi telefonema de que segunda teria reunião sobre esse assunto. Foi uma reunião de trabalho, aberta. Tinha muitos representantes, diretor, gerente executivo. Não achei relevante falar [sobre a reunião] em outros momentos”, afirmou aos parlamentares.

Ele disse que a demanda por muitas sondas de perfuração foi como descobrir uma caixa preta. “Nesse momento, se falava das demandas, de demandas futuras. É como se tivesse descoberto uma caixa preta. De uma hora pra outra, aparecem [pedidos de] 18 sondas”, justificou.

Barusco disse, ainda, que o ex-presidente da Sete Brasil João Ferraz teve reuniões com o então presidente Lula e, às vezes, com Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. Segundo Barusco, eles tratavam de assuntos relativos à Sete Brasil. “Ele [Ferraz] não comentava [detalhes da reunião]. Eram assuntos relativos à Sete Brasil”, disse.

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