Uma jovem negra no Brasil corre o risco 2,2 vezes maior de ser morta assassinada do que uma jovem branca, segundo os dados do relatório de Vulnerabilidade Juvenil à Violência publicados nesta segunda-feira. Conforme a pesquisa, em 26 unidades da federação a taxa de homicídio entre mulheres de 15 a 29 anos é maior entre as negras — somente no Paraná este índice se inverte. É a primeira vez que o levantamento faz a separação entre homens e mulheres.
Dados da pesquisa revelaram que, entre os anos de 2005 e 2015, a taxa de homicídios entre mulheres brancas teve redução de 7,4%, enquanto a taxa de mortalidade entre mulheres negras aumentou em 22%. Em termos da desigualdade entre as taxas estão os estados do Rio Grande do Norte, no qual jovens negras morrem 8,11 vezes mais do que jovens brancas, do Amazonas (6,97) e da Paraíba (5,65).
O estudo é o resultado de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o governo federal e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no Brasil. O índice foi calculado com base na análise de 304 municípios do país com mais de 100 mil habitantes. Os dados utilizados estão divididos em quatro categorias: violência entre os jovens, frequência à escola, situação de emprego, pobreza no município e desigualdade.
Cresciment
Segundo o relatório, homicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, fenômeno que só tem crescido desde a década de 1980 até atingir taxas endêmicas no ano de 2015. Dados da pesquisa revelaram que a violência contra o jovem negro do Brasil, considerando ambos os sexos, aumentou nos últimos anos. Em 2015 foi calculado que negros tinha 2,5 vezes mais chances de serem assassinados do que brancos. Nesta edição, foi demonstrado que esse número já atingiu 2,7.
As regiões onde esse risco é mais alto são o Norte (com quatro estados classificados com alta vulnerabilidade) e o Nordeste (com oito estados nessa classificação). Alagoas ocupa o topo da tabela onde jovens negros correm 12,7 vezes mais risco de serem mortos, seguida do Amapá, em que os riscos são 11,94 maiores. Apenas no Paraná a taxa de mortalidade entre brancos é superior. Roraima não pode ser contabilizada, pois não registrou a morte de nenhum jovem branco no período analisado.
Dados do Atlas da Violência de 2017 apontaram que mais da metade das 59,080 pessoas mortas por homicídios em 2015 eram jovens (54,1%). Entre as vítimas, 71% eram negras (pretas e pardas) das quais 92% eram do sexo masculino. Os jovens de 15 a 29 anos representam um quarto da população brasileira.
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