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Centro cirúrgico de R$ 250 mil doado por empresários está parado há 1 ano

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Prefeitura de Bernardino de Campos alega falta de dinheiro de manutenção. Família fez BO porque viajou 27 km em busca de atendimento para a filha.

Um centro cirúrgico que custou R$ 250 mil e foi construído por empresários na Santa Casa deBernardino de Campos (SP) está parado há um ano por falta de dinheiro para manter o local, de acordo com a prefeitura.  A sala tem capacidade para atendimentos de pequeno e médio portes e está toda equipada, mas sem funcionar.  Uma família da cidade fez um boletim de ocorrência e quer processar o hospital porque a filha teve que viajar 27 quilômetros para outra cidade a procura de atendimento após um acidente de bicicleta.

Segundo a administração da Santa Casa, o dinheiro foi aplicado na reforma do setor, que conta com mesa hidráulica, aparelhos para anestesia, controle de frequência cardíaca, oxigênio e sala de recuperação. O prefeito da cidade, Armando José Pires Beleze (PPS), alega que não tem dinheiro para manter o setor em funcionamento.

O repasse mensal da prefeitura para a instituição é de R$ 100 mil. Os municípios deTimburi (SP) e Óleo (SP) repassam mais R$ 12 mil cada um. A administração afirma que a retomada dos serviços não é viável. O prefeito diz que tem buscado o apoio dos governos federal e estadual, mas até o momento não foi atendido.

“Sabesmos que hoje existe uma gestão compartilhada, que seria cada parte ter sua responsabilidade, isto é, município, estado e união. Mas não estamos tendo a contrapartida por parte da união e do estado, o que gera essa dificuldade para a Santa Casa prestar atendimento”, afirmou Beleze.

O Ministério da Saúde afirma que não recebeu solicitação oficial para habilitação de novos serviços ou custeio de centro cirúrgico da Santa Casa da cidade. Diz ainda que não repassa recursos financeiros diretamente aos estabelecimentos de saúde integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta atribuição seria da secretaria de saúde do município, diz o órgão. Os recursos financeiros são repassados pelo Fundo Nacional de Saúde e depositados diretamente nas contas dos fundos de saúde dos estados e municípios, completa o ministério.

Já o Departamento Regional de Saúde de Marília (SP), que é responsável por Bernardino de campos, a prefeitura enviou esta semana o ofício com a proposta para o serviço ser uma referência regional para cirurgias eletivas. O departamento vai discutir com o município sobre a capacidade de atendimento e a questão do financiamento para em seguida, tomar uma decisão, diz o departamento.

Acidente de bicicleta
A trabalhadora rural Teresinha Celina Moschosque procurou por ajuda no pronto-socorro da Santa Casa de Bernardino de Campos para a filha Rayssa, que tinha reclamado de dores de cabeça depois de um acidente de bicicleta. De acordo com a mãe, ela foi medicada e voltou para casa. Horas depois, a menina teve complicações e a família viajou até Santa Cruz do Rio Pardo (SP), por 27 quilômetros, em busca de atendimento.

No hospital foi constatado que ela estava com um coágulo no cérebro e precisaria passar por cirurgia. Para Celina, se o centro cirúrgico de Bernardino de Campos estivesse funcionando, a filha teria tido o atendimento mais adequado e os riscos teriam sido reduzidos.

A família registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e quer entrar com processo contra o hospital. “Entrei com dois advogados para provar que foi uma negligência médica e para ter uma indenização. Hoje ela está com poucos movimentos do lado esquerdo, raciocíonio lento, perdeu os estudos porque não consegue ler e escrever e tem dia que não fala coisa com coisa”, lamenta a mãe

Maternidade fechada
No ano passado a maternidade, que também fica no prédio da Santa Casa, estava fechada. Ela continua assim do mesmo jeito. O local teria condições suficientes para a realização de vários partos por mês, mas a prefeitura alega que não tem dinheiro para manter o setor em funcionamento, como a sala cirúrgica.

De acordo com Clodoaldo Rodrigues, administrador da entidade,  a falta de dinheiro também é a justificativa para o local estar fechado. “O governo federal hoje repassa um valor de R$ 44 mil ao mês, mas não há reajuste há 12 anos, é a mesma tabela. O governo estadual não passa nenhuma porte, a não ser quando conseguimos. Teríamos que manter uma equipe médica com anestesista, cirurgia, enfermeria, tecnico enfermagem, gastos com material, água, luz, telefone. E esses valores chegam em torno de R$ 50 mil por mês”, diz Rodrigues.

Hospital e prefeitura afirmam que falta dinheiro para centro funcionar (Foto: Adolfo Lima/ TV TEM)

Hospital e prefeitura afirmam que falta dinheiro para centro funcionar (Foto: Adolfo Lima/ TV TEM)

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