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Escuta em gabinete de Celina revela conversa com acusado de hackear Rollemberg

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Suspeito de extorsão, homem disse ter usado WhatsApp para fazer nomeações e ter sido ‘cobrado’ para assumir propina em nome do governador. Chefe do Executivo do DF afirmou que ele agiu de má-fé.

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A presidente da Câmara Distrital, deputada Celina Leão (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Escutas instaladas com autorização da Justiça no gabinete da deputada distrital Celina Leão (PPS) mostram como Jefferson Rodrigues Filho diz ter clonado o celular do governador Rodrigo Rollemberg. Ele afirmou ter conseguido “duplicar” o chip do governador, para em seguida usar o aplicativo WhatsApp do governador para fazer nomeações e conseguir um emprego.

Sem saber que era gravado, Filho também afirmou ter sido ameaçado por Rollemberg para receber dinheiro de propina em nome do governador. Ele contou ter se encontrado com o governador duas vezes. Em nota, o governo afirma que foi vítima de um hacker. “Ele agiu de má fé e, tão logo se verificou a indevida invasão de privacidade, o governador o denunciou e pediu investigações à Polícia Civil.”

Segundo Filho, o governador afirmou que caso ele não aceitasse assumir este dinheiro, ele seria responsabilizado de qualquer forma. Ainda durante a conversa com a deputada, Filho contou que tinha conseguido nomear a si mesmo para um cargo no Fundo de Amparo à Pesquisa, além de ter nomeado a esposa e outras pessoas.

“Eu consegui obter a segunda via do número dele e instalei o WhatsApp. Com isso, logo no início do governo, nomeei minha esposa e nomeei algumas pessoas que mandaram mensagem para ele”, disse Filho na gravação.

Segundo Filho, o governador afirmou que caso ele não aceitasse assumir este dinheiro, ele seria responsabilizado de qualquer forma. Ele confessou estar respondendo a processo criminal pela clonagem do celular e a nomeação dos funcionários.

A deputada Celina Leão afirmou que sabia das denúncias de estelionato de Filho e chamou dois policiais civis para acompanhar a gravação da conversa. A parlamentar disse, no entanto, que não sabia que o gabinete também estava sendo vigiado por autorização da Justiça.

“Eu procurei a Polícia Federal antes de receber o estelionatário e recebi uma orientação de que não deveria recebe-lo sozinha, que teria que ter pelo menos dois policiais civis. Faz parte do processo da Polícia Civil acompanhar parlamentares diante de tentativa de extorsão, coisa absolutamente natural que não aconteceu no dia”, contou Celina.

Policiais civis deixam Câmara Legislativa com computadores e documentos apreendidos em gabinetes de parlamentares (Foto: Alexandre Bastos/G1)

Policiais civis deixam Câmara Legislativa com computadores e documentos apreendidos em gabinetes de parlamentares (Foto: Alexandre Bastos/G1)

Jefferson Rodrigues Filho tem ficha na polícia por estelionato e furto qualificado. Ele também é réu em sete processos na justiça do Distrito Federal. De acordo com a denúncia no Ministério Público, as suspeitas de clonagem começaram quando Jefferson pediu dinheiro emprestado, se passando por Rollemberg, ao chefe de gabinete do governador na época.

Quando foi verificar detalhes sobre o empréstimo com Rodrigo Rollemberg, o governador negou e o chefe de gabinete relatou o episódio. Ao julgar este caso, a Justiça determinou que Filho cumpra prestação de serviços comunitários.

Esse diálogo é um entre outros nas mais de 700 horas de gravação realizadas pelo Ministério Público nos gabinetes dos parlamentares investigados na Operação Drácon. O material está sendo analisado pelo instituto de criminalística da Polícia Civil e depois será avaliado pelos promotores do caso.

Operação Drácon

A primeira fase da operação foi deflagrada no dia 23 de agosto de 2016. A investigação apura um esquema de propina paga a parlamentares e funcionários da Câmara Distrital. Celina Leão (PPS), Júlio Cesar (PRB), Cristiano Araújo (PSD), Raimundo Ribeiro (PPS) e Bispo Renato (PR) são acusados de corrupção passiva e suspeitos de articular para aprovação de uma emenda parlamentar que liberou R$ 30 milhões para empresas de UTI em dezembro de 2015. Todos negam irregularidade.

Em 20 de fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça do DF decidiu desmembrar o inquérito a fim de deixar apenas os parlamentares envolvidos serem julgados pelo Conselho Especial da Corte. Os demais réus, Alexandre Cerqueira, Valério Neves e Ricardo Cardoso serão julgados por uma das varas criminais do DF.

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