Brasil
Lula critica FMI e Banco Mundial por apoiar países ricos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo (6) o papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, instituições que, na visão dele, “sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido”.
A declaração foi feita durante a segunda sessão plenária da cúpula de líderes do Brics, realizada no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, que abordou o fortalecimento do multilateralismo, assuntos econômicos-financeiros e inteligência artificial (IA).
Para Lula, enquanto o FMI e o Banco Mundial focam no mundo desenvolvido, “os fluxos de ajuda internacional diminuíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou”.
Na reunião comandada pelo Brasil, o presidente pediu que os países do Sul Global ganhem mais poder dentro do FMI, órgão que tem como missão promover o bom funcionamento do sistema financeiro global e auxiliar países em crises econômicas.
Lula afirmou que “as distorções são evidentes” e defendeu que o poder de voto dos membros do Brics no FMI seja ajustado para refletir seu peso econômico, passando dos atuais 18% para pelo menos 25%.
O presidente também criticou o neoliberalismo, que atribui à redução do papel do Estado na economia o agravamento das desigualdades sociais.
Banco do Brics
Na mesma ocasião, ele elogiou o Novo Banco de Desenvolvimento (New Development Bank, NDB), conhecido como Banco do Brics, destacando sua governança eficaz. Citou a recente adesão da Argélia e os processos de ingresso da Colômbia, Uzbequistão e Peru como demonstração da capacidade do banco em financiar uma transição justa e soberana.
Comércio e protecionismo
Lula fez críticas à Organização Mundial do Comércio (OMC), apontando sua paralisação e o aumento do protecionismo como causa de uma situação desigual para os países em desenvolvimento.
Inteligência Artificial
O presidente mencionou que o Brics adotou uma declaração que promove a governança justa, inclusiva e equitativa da inteligência artificial (IA), ressaltando que o desenvolvimento tecnológico não deve ser privilégio de poucos nem instrumento de manipulação, mas sim contar com a participação do setor privado e da sociedade civil.
Ineditismo da Cúpula
Lula ressaltou que esta 17ª cúpula do Brics contou pela primeira vez com a participação de países-parceiros, o que representa uma expansão histórica do grupo. Os países convidados ampliam as perspectivas regionais e enriquecem a visão do Sul Global.
Lula concluiu afirmando que o Brics é um ator indispensável na luta por um mundo multipolar, menos desigual e mais pacífico.
Sobre o Brics
O Brics é composto por 11 países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Essas nações juntos correspondem a 39% da economia mundial e representam 48,5% da população global.
Os países com status de parceiros incluem Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. O grupo se reconhece como parte do Sul Global, buscando maior cooperação interna e um tratamento mais justo em organismos internacionais. A presidência do Brics é rotativa, e o Brasil será sucedido pela Índia em 2026.

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