Centro-Oeste
Mais de 2 mil pessoas somem todo ano no Distrito Federal
No Distrito Federal, em média, seis pessoas desaparecem diariamente. Segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) referentes a 2024, foram registradas 2.227 ocorrências de desaparecimentos, das quais 2.201 resultaram no encontro das pessoas sumidas.
Embora os números deste ano ainda não estejam definitivos, alguns casos chamaram a atenção. Um deles é o de Pascoal Oliveira Ramos, de 70 anos, desaparecido desde 16 de abril e encontrado morto meses depois. O corpo de Pascoal foi descoberto enterrado no quintal de sua chácara no Novo Gama (GO), região do Entorno do DF. O açougueiro Pedro Henrique Caitano Gomes, 25 anos, confessou ter estrangulado Pascoal com um cinto e ter ocultado seu corpo com cal em uma cova rasa.
Pascoal, que morava em Santa Maria, cuidava de plantações no terreno do Entorno como hobby, mesmo enfrentando hidrocefalia e episódios de perda de memória.
Comunicação rápida
O delegado porta-voz da PCDF, Lúcio Valente, explicou que é essencial derrubar a ideia de que é necessário aguardar 48 horas para registrar um desaparecimento. Caso haja um comportamento diferente do habitual e a pessoa não seja localizada, a ocorrência deve ser registrada imediatamente para evitar consequências graves.
O delegado descreveu que o “padrão” de uma pessoa é a rotina usual, como sair do trabalho ou escola e sempre chegar em casa no mesmo horário sem desvios. Ao notar alguma alteração desse padrão e não conseguir contato com a pessoa, a recomendação é procurar a delegacia para que as investigações com os recursos adequados sejam iniciadas.
Integração entre forças de segurança
Um dado relevante no DF é a quase total resolução dos casos de desaparecimento. Entre 2019 e 2024, a taxa de elucidação esteve próxima de 100%. Isso é atribuído à integração das forças de segurança da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF).
Segundo o delegado, um grupo de WhatsApp reúne todas as forças de segurança para divulgar rapidamente informações sobre pessoas desaparecidas. Após o registro da ocorrência, um alerta é gerado e divulgado de forma ágil, inclusive nas redes sociais, e a imprensa pode ser acionada para colaborar, o que tem mostrado eficácia.
Cuidado com golpes
A Polícia Civil adverte sobre os perigos de golpes aplicados em familiares desesperados. Divulgar dados pessoais, como números de telefone, pode facilitar trotes e fraudes. Há relatos de criminosos se passando por membros de facções ou até pelo próprio desaparecido para extorquir dinheiro.
No caso recente da jovem Geovana Almeida, 21 anos, que esteve sumida por cerca de cinco dias, a família recebeu uma ligação falsa de um suposto integrante de uma facção criminosa tentando fornecer informações que eram trotes, conforme apurado pela PCDF.
O delegado recomenda que familiares sigam as orientações oficiais da equipe policial, evitem campanhas de arrecadação ou divulgação de informações pessoais nas redes sociais e mantenham a calma durante o processo.
É fundamental registrar imediatamente o desaparecimento na delegacia e aguardar as orientações para garantir a segurança e a eficácia na busca pelos desaparecidos.

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