Economia
Setor produtivo vê manutenção da taxa de juros com preocupação
Entidades que representam indústria e comércio se manifestaram após a decisão do Copom que manteve Selic a 10,50% ao ano
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir pela manutenção da Taxa Básica de Juros em 10,50% ao ano, entidades ligadas ao setor produtivo se manifestaram contrariamente ao patamar atual da Selic. Já é a segunda reunião consecutiva em que os membros do comitê votam majoritariamente contrários à alteração da taxa.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) enxerga com “preocupação” a decisão do BC e sustenta que o nível atual Selic faz o país ter uma das taxas de juros real mais altas do mundo. Além disso, a entidade argumenta que a situação explica uma boa parte do alto custo do crédito, que pode implicar em restrições mais fortes à atividade econômica brasileira.
“Esperamos que a Selic volte a ser reduzida o quanto antes. A retomada de cortes é fundamental para a redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda”, comenta o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Ainda de acordo com a CNI, mesmo em cenário que o comitê tivesse reduzido em 0,25 ponto percentual a Selic – o que levaria a taxa para 10,25% ao ano – a taxa de juros real (que desconta os efeitos da inflação esperada para os próximos 12 meses) seria de 6,2% ao ano. Isso significa que estaria 1,5 ponto percentual acima da taxa real neutra, no qual não há estímulo nem desestímulo à atividade econômica. Atualmente, essa taxa é estimada pelo BC em 4,75% ao ano.
Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) considera a manutenção prejudicial ao setor produtivo, “uma vez que encarece os juros para essas atividades”. Apesar disso, a entidade reconhece que, devido a um quadro de deterioração fiscal, a medida seria importante para a “estabilização do cenário macroeconômico”.
“A CNC espera que, a seguir, a autoridade monetária mantenha uma postura mais dura, inclusive em relação ao cumprimento das metas de inflação”, complementa, em nota, a entidade.
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