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Prefeitura de São Paulo corta verba para shows de funkeiros e rolezinhos

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Projetos Funk SP e Rolezinho da Cidadania tiveram o orçamento reduzido de R$ 7,2 milhões, em 2015, para R$ 2,4 milhões neste ano

Um evento pode custar até R$ 180 mil, com estrutura sanitária e segurança; público, segundo a Prefeitura, chega a 2 mil pessoas

Um evento pode custar até R$ 180 mil, com estrutura sanitária e segurança; público, segundo a Prefeitura, chega a 2 mil pessoas

Quem dependia do “pancadão oficial” está voltando para o “fluxo” (shows) nas comunidades. “Nós temos DJs que ganhavam até R$ 2 mil por fim de semana em eventos irregulares e toparam sair para vir para o Funk SP, da Prefeitura. Mas eles estão voltando, porque não tem evento e todo mundo precisa trabalhar. O último foi no dia 25 de junho”, diz Lilian Santiago Freitas, uma das organizadoras do Funk SP. Bailes no estilo “pancadão” são feitos com carros de som nas ruas, tocando funk, e pessoas dançando livremente pela via.

Envolvimento. O Funk SP teve início em dezembro de 2014 e contou com a articulação de mais de 40 líderes comunitários que faziam os bailes irregulares. Um evento oficial, em local fechado, pode custar até R$ 180 mil e envolve banheiros químicos, seguranças e postos médicos à disposição. O público médio, segundo a Prefeitura, é de cerca de 2 mil pessoas. O projeto teve início para esvaziar os eventos irregulares, que muitas vezes têm violência e confrontos da população com a Polícia Militar. No início deste mês, por exemplo, houve tiroteio em um “pancadão” ilegal realizado no Elisa Maria, bairro da zona norte de São Paulo.

O DJ Anderson Marcos Pereira, de 19 anos, aceitou sair dos bailes de favela da zona sul, onde ganhava pelo menos R$ 700 por noite, para participar dos projetos da Prefeitura. O principal motivo é a insegurança que os eventos traziam. “A polícia invade, chega atacando com bomba, quebra nosso equipamento e a gente se machuca”, diz. Como não conseguiu tocar em nenhum “pancadão oficial” neste ano, diz que precisará voltar a tocar nas favelas. “Desmarcaram um show que teria no sábado dias antes”, reclama.

O MC Luan Santiago de Oliveira, de 25 anos, divulga as músicas em festas na periferia pelo menos desde 2008, em lugares como as favelas da Vila Inglesa e da Vila Missionária, ambas na zona sul da cidade. Um dos principais problemas, diz, é a insegurança. “Quando a polícia chegava era um corre-corre, todo mundo pisoteado. Não fico feliz de fazer um evento para a comunidade em que os moradores podem se machucar. Já no evento da Prefeitura a polícia está do nosso lado”, diz.

Quando ficou sabendo do projeto da Prefeitura, Oliveira foi um dos primeiros a aderir. “Já participei de pelo menos cinco. Mas neste ano só fui a um”, diz. Ele conta que usa os pancadões para divulgar seu som, gravado em estúdios. “Antigamente a gente subia no caminhão de som e fazia até cinco shows por noite. Hoje gravamos tudo em um pen drive, damos para o DJ no carro de som e saímos distribuindo CD para divulgar”, diz.

Com os cortes, Oliveira admite ter de voltar para a informalidade. “Eu sempre faço ‘bicos’ paralelos para comprar os CDs e impulsionar redes sociais. Já trabalhei vendendo revista, em metalúrgica, trocando vidro automotivo, construção, planfletando…”

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