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Corregedor sob pressão

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A reunião com todos os parlamentares, marcada para discutir a abertura do segundo semestre da Câmara Legislativa, na manhã de ontem, serviu para o corregedor da Casa, deputado Patrício (PT), mandar o recado para as forças políticas que esperam paralisar o desenrolar de processo de cassação contra distritais com ameaças de divulgação de dossiês contra membros da Comissão de Ética e Decoro e contra o próprio corregedor: “A pressão não me fará recuar, o que não vou aceitar é sacanagem”.

 Segundo um blog, um parlamentar não identificado e pessoas do alto escalão do Executivo estariam envolvidos em complôs para pressionar os distritais Joe Valle (PSB), Doutor Michel (PEN) e Patrício a não darem seguimento aos processos contra Raad Massouh (PPL), que aguarda a publicação do relatório da Comissão de Ética, e contra os deputados Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP) e Rôney Nemer (PMDB), que estão com pedido de abertura de processo na Mesa Diretora da Casa

“Deixei bem claro, tanto na reunião com todos os parlamentares, quanto com a bancada do meu partido: Não fiz acordo com ninguém. Sempre tive uma postura coerente, tanto como oposição quanto na base e não vou me furtar ao meu papel como corregedor”, declarou Patrício.

 O deputado disse saber sobre a confecção de dossiês contra ele e sobre a desconfiança de haver escutas em seus telefones. “Eles estão tentando forjar dossiês para que os deputados possam aliviar nos processos, mas tanto eu quanto os deputados Joe e Michel não o faremos”, garante Patrício, que completa: “Em relação ás escutas telefônicas, só conheço dois tipo de pessoas que fazem esse tipo de coisa: polícia e bandido, para saber o que pensam os outros. Eu passei 16 anos da minha vida combatendo bandidos e não vou compactuar com bandidos”, ponderou.

Patrício anunciou que vai pedir à Mesa Diretora para que, se houver elementos suficientes, envie à Corregedoria o pedido de abertura de processo contra os deputados acusados de participar do Mensalão do DEM, revelado na Operação Caixa de Pandora. “A abertura de processo garante aos acusados o amplo direito de defesa e não significa que o acusado será cassado. A Corregedoria e a Comissão de Ética não condenam ninguém, o Plenário é quem é soberano em sua decisão de salvar ou condenar alguém”, recorda o distrital. “Os parlamentares têm que saber que a sociedade vai cobrá-los”, concluiu.

 A decisão da Mesa Diretora para que se envie ou não o pedido contra os deputados Benedito, Aylton e Rôney à Corregedoria deverá ser tomada amanhã, na primeira reunião do grupo, após o recesso.

Patrício prevê um semestre difícil para a Câmara Legislativa, especialmente as instâncias que fiscalizam as denúncias contra os deputados.

 Para ele, até o final do ano novos nomes podem entrar na lista de investigados da Casa. “Eu disse que isso ocorreria na época da Caixa de Pandora e já disse isso novamente aos demais parlamentares”, disse Patrício sem revelar quem está sob suspeita.

 Amanhã, a partir das 14h20, na sala das comissões, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar começa a realizar oitivas de testemunhas do processo de cassação do deputado Raad Massouh. Serão ouvidos pelo relator, Joe Valle, o delegado do caso Henry Peres Ferreira Lopes e os empresários Carlos Henrique Pereira Neves e Maria Inês Viana de Lima e Silva Ávila.

 Outras testemunhas, como o delegado afastado do caso Flamarion Vidal, devem ser ouvidos na próxima semana.

Por meio de sua assessoria, Joe afirmou desconhecer a existência de dossiês. “Minha vida é transparente e não tenho nada a esconder”, declarou o relator, que deverá apresentar seu relatório sobre o caso Raad no próximo dia 20.

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