Centro-Oeste
O promissor mercado dos negócios em serviços para o mundo animal
O segmento de serviços para bichos de estimação tem se expandido no Distrito Federal, seguindo uma tendência
Mudanças de costumes e maior apego a animais domésticos fortalecem o mercado pet, que atualmente oferece serviços variados. Hotéis e pousadas especializadas, pet trucks (serviço de banho e tosa que vai até o cliente), pet shop, clínicas médicas e creches são alguns dos negócios em crescimento. O gestor da carteira pet do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Flávio Barros, baseado em estudos da entidade, disse que muitas pessoas da nova geração preferem ter mascotes a filhos, o que contribui para o setor. “Ajuda a impulsionar os negócios. Muitos jovens adquirem bichos e os consideram como seus filhos, que geram gastos”, explicou.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Distrito Federal conta com mais de 2.500 lojas que comercializam ração e acessórios, além de cerca de 400 clínicas veterinárias. Ambos grupos de empreendimentos estão de olho nos mais de 1,8 milhões de animaizinhos — aproximadamente 700 mil cães, 520 mil aves — canoras (que cantam) e ornamentais —, mais de 250 mil gatos e 330 mil peixes ornamentais — que moram na região. Para se ter um comparativo, esse número é maior do que a soma pets residentes em Rondônia e Tocantins.
Além disso, o estudo “Panorama do Mercado Pet” — do Núcleo de Inteligência e Conhecimento do Sebrae — apontou que, no DF, de acordo com o texto: “há um mercado em desenvolvimento, e com espaço para crescimento, oferecendo uma oportunidade para empreendedores ingressarem nesse setor”.
Oportunidades
Na capital federal, no primeiro semestre de 2024, foram abertos 97 estabelecimentos que trabalham com higiene e embelezamento de animais domésticos. Nesse mesmo período, ano passado, 85 começaram a funcionar. Esses serviços tiveram um salto de 195%, de 2019 a 2023, de acordo com o Sebrae. Em relação ao segmento de alojamento de mascotes, o aumento foi de 255% (ver gráficos).
No Brasil, a projeção de faturamento, neste ano, é de R$ 76,3 bilhões, o que representa um crescimento de 11% em relação a 2023, segundo dados da Abinpet e confirmados pelo Instituto Pet Brasil. A curva ascendente desse comércio é acentuada com a ajuda da Internet. Lojas virtuais com produtos para o setor lideram com 40,6% do faturamento das vendas online. Em segundo lugar, com 37,9%, estão as mega stores que oferecem mercadorias similares. Por último aparecem os pequenos e médios comércios dirigidos às mascotes e que também têm sites na rede mundial de computadores, com 21,5%, o equivalente a R$ 1,3 bilhão.
O Correio conversou com economistas, empresários e associações para entender as tendências desse mercado, que demonstra grande crescimento em nível nacional e mundial. Eles foram unâmines em dizer que a pandemia de Covid-19 também contribuiu para tormar o segmento pet promissor economicante. Pelo isolamento social imposp pela pandemia, as pessoas, para não se sentirem sozinhas, adquiriam bichos de estimação.
Novos “filhos”
Barros, do Sebrae, apontou o quanto os negócios relacionados a animas domésticos estão em crescimento na capital federal e destacou as características regionais. “O poder aquisitivo da população do DF também é um fator que influencia as pessoas a entrarem nesse mercado e, ao mesmo tempo, impulsiona as vendas. Hoje, você tem hotéis, creches (para as mascotes), e a população daqui tem condições de pagar por esses serviços”, explicou.
Graça Souza, 52 anos, é dona da Di Petti Pet Shop, uma boutique pet em Brasília. “Eu comecei a trabalhar na loja como gerente e, dois anos depois, a comprei. A pandemia fez muitos adotarem ou comprarem pets, que exigem cuidado e atenção. Isso impulsionou o comércio. E muitas pessoas preferem ter bichos a filhos”, comentou.
O lucro da sua empresa, neste semestre, segundo Graça, foi 10% maior do que no mesmo período do ano passado, comprovando o crescimento do setor. “Grandes lojas começaram a chegar ao DF nos últimos anos, gerando um desafio para quem tem estabelecimentos pequenos, que precisam se reinventar. Porém, como a região tem muitos animais domésticos, há espaço para todo mundo”, considerou.
Hospedagem
Marília Santos, 38, tem paixão por bichos devido à formação em medicina veterinária. Atualmente, ela possui o Hotel Palace Pet e conta como foi o início. “Começamos há 10 anos, com apenas 10 baias. Em questão de um ano, o negócio se expandiu, assim como o aumento na renda. Agora, temos 27 baias e, em breve, expandiremos para 30, devido à procura”, comemorou.
A veterinária empreendedora está com boas expectativas sobre o retorno financeiro de seu negócio em 2024. “Pelas projeções, vai ser em torno de 50% a mais do que em 2023. Hoje, as pessoas consideram os pets como membros da sua família”, disse.
Marília revelou que o crescimento da receita e da procura por sua creche, antes condicionados ao período de férias, passou a se manter ao longo estável do ano, e muitas vezes aumenta. Para quem quiser ser cliente fixo, as mensalidades variam entre R$ 328 e R$ 660, dependendo do tipo e tamanho do animalzinho. Para quem quiser fazer uso esporádico, a diária do hotel é de R$ 80. “Quando chega o período de férias não tem mais vaga, porque as pessoas ligam meses antes para fazer a reserva. Por isso, precisamos trazer melhorias condizente ao crescimento do mercado”, ressaltou.
Wander Teixeira, 41, tutor de Dudu, um spitz alemão frequentador do Pet Palace, explicou o motivo de ter seu cachorro em creche. “Eu e minha esposa, por conta do nosso trabalho, passamos o dia fora de casa e começamos a perceber que ele ficava muito triste. Então, resolvemos procurar um local para deixá-lo. Para nós foi uma maravilha e para ele também. Sabemos que está sendo bem cuidado. Para se ter noção, Dudu chega, lá em casa, e quer apenas dormir de tão agitado que foi seu dia”, contou.
Saúde em dia
Desde filhote, o cão de Mariana Pereira, 28, apresentava problemas de saúde recorrentes, necessitando de atendimento veterinário com frequência. Aos quatro anos, o shih-tzu Alph teve uma grave crise urinária, que quase o fez perder a vida. Diagnosticado com infecção crônica, precisou passar por exames e consultas regulares. Da equipe médica, a tutora recebeu a orientação de optar por contratar um plano de saúde para seu amigo de quatro patas, a fim de que os custos com cuidados veterinários não fossem tão pesados.
“Estamos satisfeitos com o plano. O utilizamos para consultas de rotina e até cirurgias (em Alph). Pesquisei outros planos, mas fiquei com o indicado pelo veterinário. Não me arrependo”, disse a assistente de logística, que tem o cãozinho como parte da família.
“Sempre quis um cachorro e, no meu aniversário de 21 anos, fui presenteada com Alph, que tinha apenas dois meses. Eu o chamo de filho, minha avó o chama de bisneto e minha mãe, neto. Ele é um membro da família”, resumiu a moradora do Novo Gama.
Atuante no mercado de plano de saúde pet no Brasil, a Dog Life oferece três opções de serviços, exclusivos para cães e gatos, com preços a partir de R$ 68. A empresa tem mais de 2,7 mil beneficiários e 238 clínicas e hospitais credenciados. Brasília foi a primeira cidade em que operação foi expandida, após sua fundação em Belo Horizonte.
“Vimos o potencial de Brasília, onde sempre houve demanda por serviços veterinários de qualidade e acessíveis. No ano passado, tivemos um crescimento de 150% em animais atendidos na região. Atualmente, contamos com mais de 150 clínicas, hospitais e laboratórios credenciados na capital federal. Oferecemos desde consultas simples a cirurgias e exames complexos”, disse João Cézar Gomes, gerente comercial da Dog Life.
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