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DF tem 115 mil famílias vivendo sem rede esgoto, diz levantamento
Fossas ‘substituem’ serviço e são medida econômica, diz Caesb. Moradores reclamam do mau cheiro e de riscos à saúde.
Dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apontam que mais de 115 mil famílias vivem sem acesso à rede de esgoto. A Caesb tenta resolver o problema, que se concentra principalmente nas regiões administrativas de Vicente Pires, Sobradinho II e Ceilândia, com fossas sépticas e rudimentares. Entretanto, segundo os moradores, a medida traz mau cheiro e riscos à saúde.
Para a gerente de pesquisas socioeconômicas da Codeplan, Iraci Peixoto, as substituições são consideradas adequadas. “Essas fossas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico. São medidas mais baratas que auxiliam em regiões que não têm uma rede geral. Mesmo assim, não podemos esquecer que a medida não é completa como numa estação de tratamento de esgotos.”
“Os domicílios mais afetados são aqueles que estão localizados em regiões que foram criadas recentemente e até locais invadidos. As pesquisas, quando terminadas, são encaminhada para a Casa Civil. Na hora da divulgação, chamamos sempre o admistrador da cidade. Ele é o responsável por trabalhar e lutar para que sua cidade seja beneficiada com o sistema de rede geral” , explica Iraci.
Moradores do Setor de Chácaras do Sol Nascente, em Ceilândia, os irmãos Everton e Eliana Souza, de 31 e 43 anos, disseram que foram inúmeras vezes até a administração regional de para resolverem o problema. Eles dizem ter medo de que a pequena Isabelle Gomes, de 1 ano e 3 meses, venha contrair doenças referentes ao esgoto.
“Ela já começou a andar e fica complicado, né? Sempre vejo crianças andando em meio aos esgotos e fico morrendo de medo, receosa. São muitas doenças envolvidas. Quando chove, a situação piora. O chorume vem todo aqui pra casa”, diz Eliana.
Segundo o operador de máquina Everton Souza, diversos políticos foram até o Sol Nascente com a promessa de implantar uma rede de esgoto no local. “Só queriam votos. Chegaram aqui, tiraram fotos e nada. Temos sempre que improvisar. O cheiro é horrível, dá dor de cabeça. Pagamos impostos para ter esse direito.”
As principais doenças causadas pelo esgoto, de acordo com a Secretaria de Saúde, são a leptospirose, diarreia, rotavirose, hepatite A e esquistossomose. As principais medidas de prevenção estão relacionadas a boa higiene: lavar bem os alimentos antes de consumi-los, beber água filtrada e tomar cuidado ao manusear locais onde possa haver água contaminada.
De acordo com a Caesb, R$ 50 milhões são gastos anualmente com a rede de esgoto geral no DF. Ao todo, 88% da população da capital do país tem acesso ao serviço.
“Acreditamos que esse número não é alarmante ou negativo. Quase todo o DF possui uma rede geral de esgoto. As fossas, utilizadas em áreas grandes, vêm tendo um funcionamento muito satisfatório, como no Park Way. A medida é econômica”, diz o assessor da diretoria de engenharia, Antonio Luiz.
Para atender áreas mais afetadas, segundo Luiz, a Caesb necessita de um liberação do Licenciamento Ambiental. O trâmite demora cerca de dois anos. “A companhia só pode intervir em áreas que estão em processo de regularização ou de interesse social, com o Sol Nascente. Quase metade da área já recebeu tratamento de esgoto.”
A dona de casa Luzia Maria do Nascimento, de 61 anos, conta que o problema traz “muito sofrimento”. Moradora da Vila Madureira, a mulher reclama do “descaso” por parte do governo. Segundo ela, “O GDF nunca toma das providências necessárias.”
“Aterrei a fossa da casa, fiz um trato com meu vizinho e vamos vivendo. Não podemos fazer nada. Só esperar. Esperar que Deus um dia toque no coração deles um dia. Pagamos impostos e nada aparece para gente, de jeito nenhum”. .
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