Berlim – O presidente do Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço interno de inteligência da Alemanha, Hans-Georg Maassen, garantiu nesta segunda-feira que o governo da Rússia apoiou o separatismo da Catalunha com uma campanha de desinformação nos dias anteriores ao referendo.
Maassen fez esse comentário durante o seu discurso em um simpósio organizado em Berlim pelo BfV para abordar a questão das “ameaças híbridas” e no qual garantiu que, para certos países, é “interessante” uma União Europeia (UE) “dividida” e “frágil”, que não possa exercer plenamente seu “papel de ator global”.
Ao ser perguntado posteriormente sobre o assunto, Maassen acrescentou em entrevista coletiva que o BfV não obteve diretamente essa informação, mas que ela lhe foi repassada, e acrescentou que considera “muito plausível” e “razoável” que a Rússia apoiasse o movimento independentista.
“Para outros Estados é atrativo empregar agora e sempre as ameaças híbridas com o objetivo de prejudicar os interesses europeus. É vantajoso. Seria ingênuo pensar que esses Estados vão renunciar a elas”, opinou Maassen em seu discurso.
Por sua vez, Andrew Parker, diretor-geral do serviço de inteligência interno do Reino Unido (MI5), foi especialmente crítico com o Kremlin neste simpósio, ao garantir que a Rússia é um “Estado hostil” e o “principal protagonista” no uso de “ameaças híbridas”, nas quais incluiu desde ciberataques até o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal, que atuou como agente duplo para o serviço secreto britânico, na cidade inglesa de Salisbury.
O governo da Rússia, segundo Parker, cometeu “rupturas flagrantes das regras internacionais” com “ações agressivas e perniciosas de seu exército e de seu serviço secreto” que vão desde a anexação ilegal da península ucraniana da Crimeia às tentativas de influenciar as eleições em Estados Unidos e França.
Maassen definiu as “ameaças híbridas” como a tentativa de um Estado de interferir em outro através de uma combinação de métodos, desde ciberataques a campanhas de desinformação, passando por sabotagens, que supõem um “perigo existencial para as democracias”, opinou o presidente da BfV.
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