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Qual a origem da Lua? Novo estudo pretende acabar com o mistério

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Pesquisadores apontam que uma colisão tão violenta quando um ‘martelo acertando uma melancia’ entre a Terra e um corpo celeste teria formado a Lua

Imagem ilustrativa reproduz o grande impacto que teria dado origem à Lua (Dana Berry/National Geographic/Divulgação)

Imagem ilustrativa reproduz o grande impacto que teria dado origem à Lua (Dana Berry/National Geographic/Divulgação)

Um novo estudo traz indícios de que uma grande colisão, mais violenta que o esperado, entre a Terra e um corpo celeste, deu origem à Lua. A análise de elementos químicos contidos no satélite, detalhada em pesquisa publicada nesta semana na prestigiada revista científica Nature, revela que o impacto teria sido tão forte que foi capaz de pulverizar a Terra e o corpo celeste. Em seguida, a densa atmosfera resultante do choque teria esfriado e se condensado, formando a Terra e a Lua.

“Nossos resultados oferecem a primeira evidência contundente de que o impacto realmente vaporizou a Terra”, afirmou o geoquímico Kun Wang, da Universidade Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, em comunicado.

A explicação mais aceita sobre a origem do satélite terrestre foi proposta nos anos 1970 e é conhecida como a “hipótese do grande impacto”. Segundo essa ideia, o choque da Terra com um corpo celeste do tamanho de Marte teria desprendido rochas e poeira que, reunidos, formaram nosso satélite. Assim, cerca de 80% da Lua teria vindo do corpo celeste e o restante, da Terra.

Contudo, análises mais recentes, feitas com amostras lunares trazidas das missões Apollo, revelaram que a Terra e a Lua têm composições muito parecidas. Esse novo fato levou os cientistas a reformular o modelo, propondo que uma atmosfera de silicatos (compostos de silício, oxigênio, metais e, possivelmente, hidrogênio) teria surgido ao redor dos dois corpos e possibilitado o trânsito de materiais entre a Terra e a Lua. Por esse motivo, o planeta e seu satélite seriam tão parecidos.

O estudo feito pela equipe de Kun Wang, entretanto, oferece uma terceira explicação. Analisando isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem em massa) de potássio contidos em sete rochas lunares e oito rochas terrestres, os pesquisadores descobriram que a Lua contém os isótopos mais pesados e a Terra, os mais leves. A única explicação para essa composição, de acordo com os cientistas, é que o impacto entre a Terra e o corpo celeste teria sido extremamente violenta, capaz de vaporizar os dois astros.

“Os dados confirmam o modelo em que o impacto pulveriza a Terra como um martelo acertando uma melancia”, afirma o comunicado da Universidade St. Louis sobre a descoberta. Dessa maneira, durante a condensação da Lua e da Terra, os isótopos teriam tempo para se acomodar em quantidades diferentes nos dois corpos celestes.

Discussão

A comunidade científica, entretanto, vê com cautela o novo estudo. “É uma proposta arriscada”, afirmou Munir Humayun, geólogo da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos, ao site americano The Verge. Segundo o cientista, é preciso que outras análises e mais indícios confirmem a teoria proposta na Nature.

“Levará tempo para que essa nova ideia seja aceita”, afirma Wang. “Foi preciso décadas para que a ‘hipótese do grande impacto’ fosse aceita. Agora, estamos dizendo que ela não estava correta, então esse novo modelo deve levar mais dez ou vinte anos para ser aceita.”

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