Saúde
Testes genéticos podem ser úteis na preparação esportiva de atletas
Tecnologia pode fornecer informações como risco de lesões, desempenho para correr mais rápido e saltar mais longe e desempenho em atividades de aceleração e velocidade
Testes genéticos são conhecidos por fornecerem informações valiosas sobre saúde e ancestralidade. A partir de amostras de sangue ou de saliva, eles mostram quais os riscos de desenvolver doenças diversas, além de informar a origem dos seus antepassados.
Mas a funcionalidade dos testes genéticos pode ir além disso: eles indicam em qual tipo de exercício e modalidade esportiva é possível ter um melhor desempenho e tendências de lesões que uma pessoa pode ter na prática esportiva. Todas essas informações podem ser aliadas na fase de preparação física e emocional dos atletas, sejam profissionais ou amadores.
“O diferencial entre os testes genéticos e a relação de exames já existentes [que avaliam a estrutura física e corporal de um atleta, por exemplo] é que os exames medem a situação atual do atleta ou do praticante de atividade física. Já os testes genéticos tentam predizer possibilidades futuras daquele atleta ou praticante”, avalia André Pedrinelli, ortopedista e médico do esporte e presidente eleito da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte), à CNN.
Nesse sentido, a Genera, laboratório de genética, criou um painel de resultados para seus testes com novas características genéticas que podem influenciar na performance esportiva de qualquer pessoa que pratica atividade física.
Entre as características que podem ser analisadas nos testes estão:
- Redução da pressão arterial em resposta à prática de atividades físicas;
- Lesões no ligamento cruzado;
- Lesões de tornozelo e joelho;
- Lesões de ombro;
- Eficiência da contração muscular em resposta à prática de atividades físicas;
- Desempenho para correr mais rápido e saltar mais longe;
- Desempenho em atividades físicas de aceleração e velocidade;
- Distúrbios musculares.
Como os testes genéticos são feitos?
Os testes genéticos são feitos a partir da coleta da saliva ou do sangue do paciente. É possível comprá-los na internet e receber, em casa, um kit com materiais e manual de instrução para realizar a coleta. No caso da saliva, é utilizado um swab — conhecido, popularmente, como “cotonete” — que deve ser esfregado na parte interna da bochecha. Já a coleta de sangue deve ser feita em laboratórios e clínicas parceiras.
“O DNA da saliva e do sangue é, basicamente, o mesmo. Então, a partir disso, fazemos uma técnica chamada SNP-array, que é a leitura de centenas de milhares de pontos do DNA, que variam de uma pessoa para outra”, explica Ricardo Di Lazzaro, doutor em genética pela Universidade de São Paulo (USP) e cofundador da Genera, à CNN.
Alguns desses pontos ajudam, por exemplo, a saber a origem da pessoa; outros, indicam o risco de ela desenvolver uma doença; e há pontos associados ao esporte, conforme explica Di Lazzaro. “É o caso de informações sobre densidade óssea, risco de tendinopatia, tendência de força muscular, tipo de esporte mais adequado, tendência de lesões e ligamentos cruzados, entre outras”, exemplifica.
Os resultados do teste podem ser analisados em uma plataforma navegável em que tanto o atleta quanto um profissional de saúde podem acessar. Nos testes da Genera, por exemplo, além de informações relacionadas à saúde geral e ancestralidade, é possível ver todas as tendências relacionadas à prática esportiva no “Painel de Saúde Esportiva”, criado especialmente para atender uma demanda relacionada à Olimpíada de Paris.
O que os testes podem revelar sobre a saúde do atleta amador e profissional?
Os testes podem revelar informações que analisam tendências de saúde física e metabólica do atleta e do praticante de atividade física. Segundo Di Lazzaro, entre as características que podem ser reveladas pelo teste estão a tendência de ter um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, ou seja, de desenvolver obesidade; tendência de melhor desempenho físico em determinadas modalidades; tendência de capacidade respiratória e de ter lesões articulares e musculares com a prática esportiva.
“O teste pode ajudar a indicar os esportes em que uma pessoa pode ter mais aptidão, ajudando na escolha de quem quer iniciar uma prática esportiva. Também pode orientar a como praticar a atividade de maneira a trazer mais resultados e menos riscos de lesões”, exemplifica Di Lazzaro. “Para uma atleta profissional, por exemplo, ele pode ser útil para indicar o maior risco de uma lesão e, assim, apontar a necessidade de uma melhor preparação ou fortalecimento da região”, completa.
Quando o teste genético é indicado e quem pode fazer?
Qualquer pessoa interessada em conhecer suas tendências de saúde e na prática esportiva pode realizar o teste genético. “O teste é interessante do nascimento à velhice. Ele sempre pode ser informativo para qualquer pessoa interessada, desde aquela que quer começar um esporte novo — e quer saber o que fazer — até aquela pessoa que já pratica”, argumenta Di Lazzaro.
No caso de atletas profissionais, a indicação pode variar conforme a necessidade. “Muitas vezes, eles são utilizados na fase de preparação de atletas de base no futebol, para estudar o potencial e, eventualmente, direcionar o atleta para uma posição que seja mais favorável às suas capacidades funcionais”, explica Pedrinelli.
No entanto, o especialista ressalta que os testes genéticos podem não ser absolutamente conclusivos. “São indicativos, ainda têm um custo muito elevado em relação a outros exames que podem ser utilizados e, talvez, não haja a necessidade da realização desses testes por atletas amadores”, pondera.
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