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Cidades medievais de até 1.400 anos são descobertas no Camboja
Novo mapeamento possibilitou a descoberta de sistemas complexos de água que devem desafiar conhecimentos científicos sobre o Império Khmer
Arqueólogos australianos descobriram cidades medievais datadas entre 900 e 1.400 anos escondidas na floresta do Camboja, na região do famoso templo Angkor Wat, em Siem Reap. Os pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, utilizaram tecnologia de laser para escanear o local e identificar possíveis estruturas abaixo das árvores. O estudo será publicado nesta segunda-feira (13) no Royal Geographical Society. A pesquisa pode auxiliar na compreensão do declínio do Império Khmer.
Os estudos, liderados por Damian Evans, da Universidade de Sidney, utilizaram um helicóptero que sobrevoou a região com um laser chamado Lidar. O aparelho foi capaz de escanear o território e comprovar as primeiras suspeitas dos pesquisadores: existiam cidades medievais conectadas ao templo de Angkor Wat, conhecido mundialmente e declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Lidar é um aparelho que mede distâncias e identifica padrões ao emitir lasers e analisar a luz refletida para “escanear” o ambiente.
A tecnologia do Lidar foi utilizada pela primeira vez em 2009, no estudo da cidade maia de Caracol, em Belize. Recentemente, ele tem sido utilizado para escanear sítios arqueológicos da Europa. O novo mapeamento dá continuidade às pesquisas que, em 2013, descobriram a cidade escondida de Mahendraparvata, construída 350 anos antes do famoso templo Angkor Wat (obtido pelo rei Suryavarman II no auge do poder do Império Khmer).
Império – A pesquisa disponibilizou uma série de descobertas sobre o Império Khmer, que ocupava a região onde hoje ficam a Tailândia, Laos e Vietnã. Segundo informações do The Guardian, o novo mapeamento do local possibilitou a descoberta de sistemas complexos de água que devem desafiar os conhecimentos científicos tidos até então sobre o desenvolvimento do império e seu declínio. Além disso, os pesquisadores conseguiram mapear a extensão completa de Mahendraparvata.
Existe uma ideia de que, de algum modo, invasores teriam feito os residentes de Angkor fugirem para cidades a Sul – isso não aconteceu. Não existem cidades (que foram reveladas pelo mapeamento) para qual eles fugiram. Isso coloca em questão toda a noção que temos sobre o colapso dos Angkorianos”, afirmou Evans.
De acordo com o pesquisador Martin Polkinghorne, do departamento de arqueologia da Adelaide’s Flinders University, que lidera pesquisas nas capitais pós-Angkorianas de Longvek e Oudong, os dados coletados pelo Lidar serão utilizados nas novas análises da região, previstas para acontecer até 2019.
“O declínio de Angkor está entre os eventos mais significativos da história do sudeste da Ásia, mesmo assim não temos a data exata de quando o evento ocorreu. Utilizando as informações do Lidar, poderemos guiar a escavação nas capitais para determinarmos e esclarecermos como aconteceu o final de Angkor”, afirmou o pesquisador ao The Guardian.
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