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Mais dois idosos com superbactérias morrem em hospital do DF

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Com isso, número de mortes de pacientes infectados chega a sete.
Secretaria nega relação e diz que todos tinham outros problemas de saúde.

A Secretaria de Saúde confirmou  nesta sexta-feira (10) que mais dois pacientes que tinham superbactérias morreram no Distrito Federal. De acordo com a pasta, ambos eram idosos, tinham saúde debilitada e estavam internados no Hospital Regional do Guará. Com isso, chega a sete o número de mortes de infectados com micro-organismos do tipo.

A primeira morte ocorreu no domingo (5), e o paciente tinha doenças crônicas e infecção urinária. A outra aconteceu na segunda (6), e o homem teve insuficiência respiratória. A secretaria de afirma que nenhum dos quadros foi provocado por superbactérias e sim por outros problemas de saúde.

Ainda de acordo com a pasta, apenas um paciente, que está no Hospital Regional de Santa Maria, segue isolado e colonizado. Ele tem a superbactéria Acinetobacter baumannii.

Plano de enfrentamento
O secretário de Saúde João Batista de Sousalançou no dia 9 de junho um plano de combate ao avanço de infecções por superbactérias, pautado em três frentes: garantia de fornecimento de remédios, desinfecção e limpeza das estruturas e incorporação de farmacêuticos nas equipes. De acordo com o secretário, as medidas já vinham sendo adotadas, mas precisavam de reforço.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o DF foi notificado três vezes a respeito dos casos de bactérias super-resistentes e até então não havia apresentado um plano de combate. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que já em abril havia cobrado medidas da Secretaria de Saúde. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentavam problema semelhante, mas conseguiram reverter a situação.

O plano incluiu estudo que apontou uma série de “irregularidades” nos hospitais públicos do Distrito Federal: menos de 30% dos profissionais higienizam as mãos no trabalho; há fornecimento irregular de luvas e aventais, que geralmente têm baixa qualidade; são usados produtos de limpeza de pouca eficácia e falta manutenção adequada para equipamentos.

“Entre o padrão e o que acontece na ponta você tem um espaço enorme. Por que as pessoas não higienizam a mão com álcool? Vocês não sabem que é importante o álcool? Tem álcool em toda cabeceira de paciente. Não é que as pessoas são irresponsáveis. […] Conhecimento todos temos, disponibilidade do produto todos temos. Então qual é o problema? Hoje os estudos mostram as condições ideais que você precisa ter”, explica a coordenadora de Infectologia do DF, Maria de Lourdes Lopes.

Hospitais em alerta
Desde o dia 28 de maio, vieram à tona infecções por bactérias multirresistentes – conhecidas popularmente como “superbactérias” – em quatro unidades de saúde do DF. No início de junho, a Secretaria de Saúde informou que 16 pacientes estavam isolados no Hospital Regional de Santa Maria com a bactéria multirresistente Acinetobacter baumannii. Destes, 14 estavam apenas colonizados, ou seja, não apresentavam contágio no sangue.

O Acinetobacter baumannii superresistente também atacou pacientes no Hospital Regional do Guará. Em Taguatinga, as alas vermelha e amarela do pronto-socorro foram interditadas entre os dias 28 de maio e 2 de junho, após a identificação de um foco de enterococo multirresistente na área. No total, 25 pacientes foram isolados com quadros de contaminação ou colonização pela bactéria.

Em três dias, 4 dos 25 pacientes morreram na unidade, mas a secretaria afirmou que não era possível estabelecer relação entre as mortes e as bactérias.

A quinta morte aconteceu no dia 26 de junho. A paciente de 83 anos estava internada no Hospital Regional de Sobradinho com contaminação pela superbactéria KPC. A Secretaria de Saúde disse que também não é possível atribuir a causa da morte à contaminação.

superResistência
“Superbactéria” é um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia, resistentes a muitos medicamentos.

Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos – fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.

No território nacional circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência, como infecções hospitalares.

KPC
Em outubro do ano passado, a Secretaria de Saúde isolou a UTI neonatal do Hospital Materno Infantil depois que exames feitos em três bebês apontaram a presença da superbactéria KPC. De acordo com a pasta, o diagnóstico não significava que eles desenvolveriam infecção, mas a medida havia sido adotada para evitar uma eventual propagação do micro-organismo.

Em 2010, casos notificados de pessoas infectadas pela KPC levaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a instituir normas de combate à bactéria. Entre as medidas anunciadas estava a instalação de dispensadores de álcool em gel em todos os ambientes de atendimento nos hospitais e clínicas públicas e particulares.

Em 2009, de 1º de janeiro até o dia 15 de outubro, 18 pacientes morreram por conta da KPC no DF. No mesmo período, foram registradas 183 pessoas portadoras da bactéria, das quais 46 tiveram infecção. A Secretaria de Saúde não informou o número total de casos desde então.

A KPC já foi identificada em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina. Ela faz parte da flora intestinal das pessoas e pode ser transmitida por meio do contato. As complicações costumam ocorrer somente em casos de pacientes com baixa imunidade, como os que estão com câncer em estágio avançado ou passaram por transplantes.

 

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