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‘Máfia das funerárias’ do DF: polícia e MP descobrem cobrança de até R$ 8 mil por atestado de óbito

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Normalmente, serviço é gratuito; golpe acontecia porque suspeitos simulavam serem do IML, diz polícia. Vigilante do HRT é um dos 12 alvos.

Túmulos no cemitério de Taguatinga (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Túmulos no cemitério de Taguatinga (Foto: Gabriel Luiz/G1)

A Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal realizam uma operação na manhã desta quinta-feira (26) para prender 12 pessoas suspeitas de participar da chamada “máfia das funerárias”, que cobrava entre R$ 1,5 mil e R$ 8 mil por atestados de óbitos. O golpe acontecia porque os suspeitos simulavam ser do Instituto Médico Legal (IML).

Entre alvos estão empresários e um médico dono de uma clínica em Formosa, no Entorno. Um vigilante do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) também é alvo de mandado de prisão temporária. Paralelamente, estão sendo cumpridos ainda 12 mandados de busca e apreensão, em Vicente Pires, Lagos Sul e Norte e Taguatinga.

Segundo investigação da polícia, os empresários e funcionários de funerárias copiavam a frequência do rádio da Polícia Civil para chegar na frente dos servidores do IML.

Quando alguém morria por morte natural, por exemplo, antes mesmo da chegada do carro de recolhimento dos corpos, conhecido como “rabecão”, eles faziam contato com familiares e se passavam por agentes públicos de captação de órgãos.

“Por meio dos contatos [com as famílias], os criminosos informavam sobre suposta parceria para atestarem o óbito fora do IML, alegando que o processo seria mais rápido e “menos doloroso”. Para completar o golpe, as funerárias retornavam para as famílias e confirmavam a informação, oferecendo serviço médico de atestado de óbito, bem como serviços funerários.”

Chegando no local, faziam o levantamento do poder aquisitivo das vítimas e conseguiam enganá-las a ponto de convencê-las a cancelar a solicitação de rabecão. Com o atestado de óbito dado por um médico, que assinava um laudo com a causa da morte sem ao menos olhar para o cadáver, a funerária entrava em ação e tomava a frente do enterro das pessoas.

De acordo com a polícia, um serviço que seria gratuito para o familiar acabava sendo pago em um momento de dor para as vítimas.

Capela 1 do Cemitério Campo da Esperança, no centro de Brasília (Foto: Mateus Vidigal/G1)

Capela 1 do Cemitério Campo da Esperança, no centro de Brasília (Foto: Mateus Vidigal/G1)

‘Caronte’

A operação, batizada de Caronte, faz referência na mitologia grega ao “barqueiro dos mortos”, que leva as almas pelas águas dos rios. A investigação começou em abril deste ano, após servidores do IML desconfiarem da ação dos criminosos.

Isso porque em uma das vezes, o rabecão chegou em um endereço para recolher o cadáver, antes de a família ter ligado para fazer o cancelamento. Lá, familiares informaram que a morte já havia sido atestada por um médico que se apresentava como servidor do instituto e resistiram em entregar o corpo para o IML.

De acordo com a polícia, o vigilante do HRT é alvo porque ao saber da morte de alguma pessoa na unidade, já fazia contato com as funerárias do esquema. Em troca, ele ganhava um percentual em propina a cada corpo informado.

Fachada da sede da Polícia Civil do DF (Foto: TV Globo/Reprodução)

Fachada da sede da Polícia Civil do DF (Foto: TV Globo/Reprodução)

Ele e os demais suspeitos vão responder por associação criminosa, estelionato, crime contra o consumidor e falsidade ideológica. O vigilante do HRT apesar de terceirizado ainda responderá por corrupção passiva cometida por agente público, isso em razão de ele atuar em um hospital público.

Est é a primeira fase da Operação Caronte e visa a desarticular um esquema que pode ser ainda maior. Isto porque muitas vítimas ainda não se deram conta do golpe. Até o momento, 30 famílias já foram identificadas e a expectativa é que outras ainda prestem queixa na Polícia Civil.

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