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Planalto abre agenda de votações e inicia processo de exonerações

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Depois da rejeição da denúncia apresentada pela PGR, Planalto começou a focar na agenda de votações de projetos de interesse dos aliados e, ao mesmo tempo, iniciou o processo de exonerações daqueles que foram contrários ao presidente Temer

 

Imbassahy e Padilha: escolhas de votações no Congresso e exonerações no Diário Oficial

Menos de uma semana após escapar novamente de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer dá a mão aos aliados e afia a navalha para punir os infiéis. Até que esteja madura a reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso, o Planalto abrirá espaço para uma agenda de votações para afagar quem salvou o presidente na denúncia por obstrução de Justiça e organização criminosa. Na outra ponta, o Diário Oficial da União começou a trazer exonerações de indicados por deputados que votaram contra o governo.

Os articuladores da pauta e dos cortes são os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. Uma das principais benesses é dedicada ao presidente em exercício da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG). “Fabinho”, como é conhecido, já desferiu vários impropérios contra o governo. Os mais recentes, durante os processos de leilão de usinas da Cemig, quando disse que o governo só pensa em bancos. “Tenho que ser honesto. O presidente Temer sempre foi correto conosco. O problema são alguns ministros”, disse ele, sem dizer quais.
Com a chancela do peemedebista, será votado um projeto que amplia o número de municípios mineiros beneficiados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). “São áreas muito pobres e essa inclusão permite a eles a obtenção de financiamentos mais baratos e rápidos”, justificou ele, que se reuniu com Temer, em São Paulo, para discutir a pauta de votações das medidas provisórias.
Outros projetos também serão votados, como a permissão para que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) tenha acesso aos fundos regionais de desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A medida, além de ampliar os recursos e, consequentemente, o número de vagas oferecidas à população, atendem os interesses de deputados donos de instituições de ensino superior, como o relator da denúncia, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG).
O prazo de adesão para o novo Refis também foi estendido até o dia 14 de novembro. “Tinha muita gente pedindo mais prazo para entrar no programa, nada mais natural para que possamos arrecadar mais”, explicou o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP). Segundo aliados do presidente, o espaço para agradar ao Congresso é natural. “O presidente Temer sempre exerceu um sistema que se aproxima do semiparlamentarismo. Se não há matérias do governo na pauta, nada mais natural que abram espaço para os projetos de deputados”, justificou um interlocutor.

Retaliação

Por outro lado, o Planalto foi duro com os deputados infiéis. Nem o deputado federal Mauro Mariani (PMDB-SC), um dos oito que votaram contra o governo na segunda denúncia após ter votado a favor na primeira, escapou da retaliação. Ontem, foi publicado no Diário Oficial a exoneração de Tufi Michreff Neto do cargo de diretor de Gestão Interna do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Ele era apadrinhado do peemedebista, tendo sido, inclusive, seu secretário parlamentar em 2012.
A decisão adotada pelo Planalto, que leva a assinatura do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, não poderia ser diferente, avalia o vice-líder do PMDB na Câmara, Carlos Marun. “É uma situação que me entristece, mas essa foi uma opção do Mariani, com a qual não concordo. E teve como consequência o afastamento dele na base”, disse.
Em defesa, Mariani afirmou que não teme retaliações. “Votei pela investigação de Temer porque o povo não aguenta mais”, sustentou. O sucessor de Michreff ainda é estudado pelo Planalto. “Esse realinhamento é natural. Quem votou com o governo é recompensado. Quem não quer ser base terá outro movimento”, afirmou um interlocutor do presidente.
A retaliação aos dissidentes não ficou restrita apenas a apadrinhados específicos de deputados rebeldes. O Planalto puniu a bancada do PSD, diferentemente do que pregavam alguns líderes que temem pelo esfacelamento da base na votação das reformas. Ontem, foi publicado no DOU a exoneração de Carlos Roberto Fortner do cargo de diretor de Gestão e Tecnologia da Informação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O CNPq é um órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Quatro deputados da legenda, a mais rebelde de todas, votaram contra Temer na segunda denúncia, após terem votado a favor na primeira. “Na primeira denúncia, o Marcos Montes (deputado líder da sigla na Câmara) fez muitas críticas contra os infiéis. Agora, é preciso fazer uma autocrítica”, ponderou um interlocutor palaciano.
Arte/CB/DA Press

Por Paulo de Tarso Lyra , Rodolfo Costa – Correio Braziliense

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